Sabia que me inglês há várias formas de falar cerveja?
Beer, Brew, Ale… Monastérios por toda a Inglaterra produziam inúmeros tipos de
cerveja, mas todas com uma qualidade sem par por léguas e léguas. O Mestre
Cervejeiro do local quase sempre era o segundo mais importante na hierarquia,
isso quando não era o próprio Abade, tamanha a importância a cerveja tinha na
vida do monastério. E para conseguir uma boa colheita, bons ingredientes e
condições ideias, só rezando para o céu. Venha, Heaven & Ale Tá na Mesa!
Heaven & Ale é um jogo lançado
em 2017 por Michael Kiesling e Andreas Schmidt. De dois a quatro jogadores, com
duração média de 90 min, em Heaven & Ale os jogadores são chefes de monastérios
tentando produzir a melhor cerveja.
- Monges bêbados? Esse jogo é um
mau exemplo para todo.
Do que está falando, pinguço? Sei
que você falta nas jogatinas que marca por causa da ressaca. Heaven & Ale
não é sobre beber cerveja, mas sobre conseguir os melhores ingredientes para
fabricá-la. A quantidade de turnos depende do número de jogadores (de quatro a
seis rodadas). Há um Tabuleiro Central, onde os jogadores fazem as ações e
outro individual, que representa o Campo de cada Monastério.
Há quatro ações disponíveis no
Tabuleiro Central: Pegar Recursos (Grãos, Água, Madeira, Lúpulo e Fermento),
Recrutar Monge, Colheita e Reclamar Conquista. As ações estão dispostas em uma
trilha, onde há vários espaços para recursos e poucos para as conquistas. A
movimentação na trilha lembra muito Tokaido, onde o jogador pode avançar
quantas casas quiser, mas nunca retroceder. Já o Campo, onde os tiles de
recursos são colocados, lembra Castle of Burgundy, onde a posição define o
bônus ganhos e os combos que o jogador pode fazer.
- Misturar dois bons jogos?
Gostei, mas esse é uma porcaria.
Você é inconstante mesmo. Depois
reclama que ninguém te suporta. Heaven tem regras bem simples. Todo turno você
faz uma ação. Para pegar recursos e recrutar monges, você deve pagar. O preço
do monge está no tabuleiro e do recurso no próprio tile, mas seu valor final
depende de onde ele será colocado no campo.
O tabuleiro individual está
dividido em duas áreas: Ensolarado e Encoberto. O custo para colocar na área
ensolarada é o dobro do que está no tile. No campo, há sete espaços reservados
para galpões. Quando esses espaços são completamente rodeados, o jogador
constrói um galpão e ocorre uma colheita. O tipo do galpão, que depende da soma
dos valores dos tiles envolta, determina quantos tiles serão colhidos (Nota da
Sra. Slovic: O tile não é retirado do campo) e quantos espaços o Mestre
Cervejeiro andará em sua trilha. Quanto menor o valor, menos tiles serão
colhidos, porém o Mestre andará mais. Se o recurso colhido está na sombra, o
jogador ganhará seu valor em moedas. Se está no lado ensolarado, o marcador
daquele recurso avança seu valor na trilha do Mestre Cervejeiro. A pontuação no
fim do jogo depende da posição dos recursos e do Mestre. Os tiles de monges
também são colocados no campo, nos espaços dos recursos. Quando ocorre a colheita,
cada monge faz o Mestre mover um espaço e consegue colher todos os tiles
adjacentes a ele.
A ação de Colheita está dividida
em dez tipos: Uma para cada tipo de monge (são quatro), para cada tipo de
recurso e de valor. Cada uma só pode ser usada uma vez por partida. No
tabuleiro central a ação está distribuída em seis espaços, sendo que a primeira
é para Colheita de Valor, a segunda para tipo de Recurso, a terceira para de
Monge e as outras podem ser usadas como se fosse qualquer uma das anteriores.
Quando o jogador faz uma de
Recursos, colhe todos os tiles daquele recurso que está em seu campo. Já uma de
Valor, ele escolhe um número e todos os tiles daquele valor serão colhidos. E a
de Monge, todos os tiles adjacentes ao monge escolhido serão coletados. Sempre
que a colheita é feita dessa forma, um marcador e colocado no tabuleiro
individual, indicando que essa ação não pode ser mais feita. Quando dois
marcados são colocados próximos, o jogador deve jogar uma Carta de Privilégio.
Todos começam o jogo com as mesmas cinco cartas (Dica da Sra. Slovic: Elas são
bem poderosas) e elas podem ser descartadas como ação livre para ganhar três
moedas por carta retirada da partida.
Há algumas condições que dão
Pontos de Vitória (PV) para os primeiros que alcançá-las. Mas para ganhar, o
jogador deve parar em um dos espaços de Reclamar Recompensa no tabuleiro
central. Entre os prêmios estão para o primeiro que conseguir seis tiles de
valor cinco, baixar três recompensas, fazer a colheita com todos os tipos de
monges. São doze ao todo.
- De cara já vi que não gosto
desse jogo. Muito complexo.
Deixa de ser lunático. É só você
não entender as regras, que já faz vídeos falando que não gosta do jogo. O
turno termina quanto todos os jogadores deram uma volta na trilha de ações.
Antes da próxima rodada começar, novos tiles são colocados no tabuleiro
central.
A pontuação final não é nada
ortodoxia (Nota da Sra. Slovic: Assim como em Rajas of the Ganges). No local que
o Mestre Cervejeiro parou na trilha existe uma marcação que indica quantos
espaços o marcador de recursos mais a frente deve voltar e quanto o mais atrás
deve avançar, até que eles se encontrem na trilha (Nota do Sr. Slovic: Durante
essa etapa o recurso mais a frente vai mudar de tipo, assim como o que estiver
por último). Por exemplo, o Mestre parou na marcação 3:1, então para o marcador
mais atrás, no caso, o Grão, andar um espaço, o que está mais a frente, no caso
Madeira, deve voltar três. Mas, quando Madeira ficar atrás de Lúpulo, é esse
que vai retroceder. O mesmo acontece se o Grão passar o de Água. Cada dez
moedas faz um marcador avançar um espaço. Quando não for mais possível avançar
ou retroceder sem entrar em um loop infinito, pegue o valor da casa em que o
último recurso está e multiplique pelo número indicado na marcação do Mestre.
Some todas as Recompensas que você ganhou e mais um ponto para quem foi o
Primeiro Jogador última rodada. Quem tiver mais PV no fim, vence a partida.
Parece complicado (Nota do Sr. Slovic: E é mesmo), mas dá para pegar o jeito da
coisa bem rápido.
No geral, Heaven & Ale é um
ótimo jogo. As regras são bem simples (Nota da Sra. Slovic: Exceto a parte da
pontuação final), mas o jogo é para queimar o cérebro (Nota do Sr. Slovic:
Assim como Dominant Species ou Dungeon Lords), por isso ele foi finalista doo
Kennerspiel des Jahr 2018, o prêmio de melhor jogo “pesado” do ano. São muitas
decisões para tomar e o dinheiro para fazer tudo é muito, mas muito curto.
Tanto a parte de o que fazer no tabuleiro central quanto onde colocar os tiles
nos campos têm profundos impactos no decorrer da partida. Não é tido mundo que
gosta desse tipo de jogo (Nota da Sra. Slovic: Depois não vá reclamar e culpar
os outros jogadores), mas vale a pena conhecer e, se você for fã de jogos heavy
(Nota do Sr. Slovic: Como eu), ter na coleção.
Agora todos juntos: “Arriba, abajo, al centro y adentro”. Cheers!
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