Não há mais nada sagrado que o
Ganges e suas planícies sacras. Dai vem todo o sustento de nosso povo, tanto
material como espiritual. Lembre-se, bachcha, tudo na vida requer equilíbrio.
E toda a ação tem suas consequências. Faça o certo e o bom carma lhe trará
riqueza e prosperidade. Faça o duvidoso e terei pena de você em sua próxima
vida. Agora, levante-se. Rajas os the Ganges Tá na Mesa!
Rajas of the Ganges é um
fantástico jogo criado por Inka e Markus Brand em 2017. De dois a quatro
jogadores, com duração média de 75 minutos, em Rajas os jogadores são
comerciantes indianos (Rajas) tentando prosperar ao aumentar suas propriedades
e negócios na Índia do século XVI.
- Conheço tudo desse mundinho. É
muito chato.
Você é um Nitamb, mesmo! Só
sabe o que passava em “Caminho das Índias” que via com usa avó. Rajas é um
fantástico jogo, baseado em uma riquíssima cultura, dos mesmos criadores de
Village e My Village (Nota do Casal Slovic: Sim, estamos devendo nossas
considerações sobre o My Village. Aguardem), que assim como o segundo usa e
abusa dos dados de seis faces (Nota do Sr. Slovic: Comumente conhecido domo
D6). Há quatro cores de dados: verde, roxo, amarelo e azul, cada um representando
uma mercadoria.
- Se tem dados então é um jogo de
pura sorte. Não falei que não prestava?
Que crore pragas caiam
sobre você, Dalit! Mesmo com o uso de dados, o jogo tem sua
maneira de mitigar a sorte. Um dado deve ser rolado imediatamente ao ser pego,
não podendo mudar sua face, a não ser que o jogador gaste Pontos de Karma, que
deixa um dado ser virado para sua face oposta. Assim um dado de valor 1
torna-se 6 e um 4 vira 3.
Em seu turno, o jogador deve
alocar um de seus trabalhadores e fazer a ação do local. Em alguns lugares,
além do trabalhador, é necessário dar um dado específico, em outros precisa
pagar moeda e em poucos, não precisa pagar nada. Todos começam com três
Trabalhadores, podendo chegar a seis. Os outros ficam disponíveis quando seu
barco cruza a ponte no Rio Ganges ou o jogador ganha determinado local na
Trilha de Moedas ou na Trilha de Prestígio.
O tabuleiro central (nota da Sra.
Slovic: Que pode parecer um pouco poluído visualmente, mas é lindo) representa
as margens do Rio Ganges, com o Palácio do grande Morgul Akbar de um lado e o
Porto, Mercado e Pedreira do outro. O Palácio é dividido em duas partes, onde
em uma parte uma as ações são para conseguir novos dados e na outra para
influenciar os Nobres. Já as ações de Porto fazem seu barco navegar pelo rio,
ganhando bônus conforme avança. No Mercado ganha-se Moedas e na Pedreira o
jogador aumenta sua Propriedade, que é o tabuleiro individual. A expansão da
propriedade lembra em alguns aspectos o grande Carcassonne. Os tiles de
terrenos comprados na Pedreira tem caminhos que devem estar conectados um aos
outros.
- Agora você me confundiu. Começa
falando de um jogo, passa para outro e termina em um terceiro! Socorro.
Não queime as pestanas, caro
Moorkh! Ainda estamos no mesmo jogo, que tem mecânicas parecidas com outros
jogos. Voltando ao tabuleiro individual, em suas bordas há símbolos que dão bônus
se o caminho que sai do Palácio do jogador (Nota do Sr. Slovic: Onde fica o
marcador de Primeiro Jogador, que é um elefante muito simpático) os alcançam.
Esse tabuleiro tem duas dupla face, com bônus diferentes para jogadores mais
experientes. Além das Construções, é possível ter na Propriedade plantações de
Chá, Gengibre e Seda, que dão Moedas quando se usa as ações do Mercado.
O gatilho de fim de jogo é bem interessante (Nota
do Sr. Slovic: Até arrisco dizer, original). O jogo termina no turno que um
jogador conseguir que seus marcadores de Moedas e Prestígio se cruzarem (Nota
da Sra. Slovic: As trilhas correm em paralelo, cada uma para um lado). No fim
do jogo quem tiver feito os marcadores passarem um pelo o outro e tiver a maior
diferença entre Prestigio e Moedas, ganha.
No geral, Rajas of the Ganges é um
jogo fantástico. As regras são simples, mas a partida é complexa, com muitas
opções, mas que, ironicamente, deixa o jogo travado, pois todos querem fazer o
mesmo que você. Não se pode focar só em ganhar Prestigio ou Moedas, como no
Hinduísmo, o jogo requer equilíbrio. Falando nisso, é a deusa Kali que guarda
os dados do jogador em suas mãos. Mais um ponto positivo para os Brands, que
estudaram a rica cultura indiana para criar os elementos de Rajas. Esse
realmente vale a pena conhecer e ter na coleção. E saiba que “Sábio é o homem
que, em todas as atividades, está isento das aguilhoadas do desejo e tem os
seus atos purificados pelo fogo da verdade”. Namastê!
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