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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Mombasa

África... Um continente praticamente desabitado, pronto nos receber. E de braços abertos. Já tenho o planejamento dos próximos cinco anos na minha cabeça. Começo pela costa do Índico e faço fortuna com café. Ah, o café, quem vive hoje em dia sem? Claro que não posso me descuidar do algodão, isso sim é uma mina de diamantes. Falando em diamante, recebi informes que de norte a sul o lugar está cheio de minas, só esperando um esperto para começar a minerar. Alguém esperto como eu, lógico. Sim, tenho todo um continente virgem pela frente e tudo que tenho que fazer é desfraldá-lo. Então venha comigo, pois Mombasa Tá na Mesa!



Mombasa é um jogo complexo, de dois a quatro jogadores, com duração média de 180 minutos, lançado em 2015 por Alexander Pfister. Nele os jogadores entram na pele de grandes investidores e comerciantes europeus, criando e expandindo seus negócios por todo continente africano durante a época do Colonialismo.

- Sai fora! Jogo que oprime as classes mais desfavorecidas, criando a cultura do abuso econômico e ignorando a história das lutas das minorias na África! Jogo burguês não passarão!

Calma lá, aquele que se acha um grande especialista em economia só porque pensou em ler a contra capa d'O Capital. Como o próprio autor do jogo coloca no início do manual de regras, Mombasa pode estar cronologicamente falando vagamente definido dentro do periodo histórico do Colonialismo (que pode ser considerado como um período trágico para os povos colonizados), mas ele não é uma simulação histórica. É um jogo de estratégia com um foco econômico que cerca de referências históricas e coloca-os em um ambiente ficcional. A exploração do continente Africano e de seu povo não são explicitamente representadas dentro do jogo. O autor ainda recomenda, para entender mais sobre o período, o livro “History of Modern Africa: 1800 to the Present” de Richard J. Reid (Nota do Professor Slovic: Recomendo também os seguintes livros: “Uma Breve História do Mundo”, do professor Geoffrey Blaine e “Uma Breve História da Riqueza”, de Willian J. Bernstein).



Depois de essa longa, mas extremamente necessária contextualização dos fatos, voltamos ao jogo. Monbasa (Nota do Sr. Slovic: Grande cidade do Quênia. Um dos principais entrepostos comerciais na época colonial africana) é um jogo com muitas mecânicas diferentes, que juntas dão fluidez a partida: temos Alocação de Trabalhadores, Administração de Cartas, Construção de Baralho e Criação de Rotas. O Âmago do jogo é a expansão de quatro Companhias de Exploração, enquanto os jogadores, através da venda de produtos e compra de contratos, tentam aumentar sua participação acionária nos empreendimentos. Ou seja, cada jogador não representa só uma das Empresas, mas todas, aumentando-as (ou sabotando) conforme sua estratégia (Nota da Sra. Slovic: Bem parecido com o que acontece em Airlines Europe).

No início do jogo, todos tem um conjunto de cartas idêntico, que correspondem a Contratos de venda de vários produtos (Café, Banana e Algodão), Permissão de exploração das empresas, Mineração e Fechamento de seus livros contábeis. Conforme o jogo avança, é possível conseguir mais (e melhores) cartas ou se livrar das iniciais (que não tão boas). No início da partida só se pode usar três destas cartas por rodada, mas é possível destravar o uso da quarta e da quinta.


O tabuleiro central representa o continente africano, onde novos entrepostos comerciais das empresas são criados (ou fechados). Quanto mais entrepostos uma Companhia possuir, maior a chance de suas ações valerem mais. Já o individual, representa suas minas de diamante e o local onde armazena seus Livros de Contabilidade. Quanto mais você avança na Mina e na Burocracia, mais Pontos de Vitória (PV) você consegue no fim do jogo (além de liberar espaço para usar mais cartas).

- Eitá, nóis! É muita coisa para entender. Complicado além da conta. Só gênio para jogar.

Sim, meu caro Wana, Mombasa é um jogo bem complexo, cheio de detalhes, com múltiplas opções para conseguir PV, mas não é um jogo só para gênios. Não vamos mentir que no final da primeira rodada você já entendeu tudo (Nota do Casal Slovic: Principalmente se você está tentando aprender a jogar, junto com todos na mesa, com um manual em Francês e ninguém sabe a bela língua de Victor Hugo), mas no fim da primeira partida quem sabe uma luz no fim do túnel possa ser observada. Realmente não se domina a arte de Mombasa em poucas partidas.

Um ponto interessante do jogo é que, como não há uma trilha de pontos de vitória, é quase impossível saber quem está ganhando antes do fim da partida. Você pode até achar que está em ultimo e não fazer nada de bom no último turno, já desistindo de tudo, e ficar em segundo por causa de um mísero ponto. (Quase) Tudo vale ponto no final. No início há poucos lugares para alocar sues trabalhadores, mas conforme avança na trilha das Empreses, novos pontos e melhores pontos ficam disponíveis.


No geral, Mombasa é um ótimo jogo, mas prepare-se para queimar o cérebro. Há muita coisa para fazer e pouco dinheiro, cartas, trabalhadores, recursos... É virtualmente impossível ser o melhor em todos os aspectos que dão PV, o que aumenta consideravelmente a rejogabilidade. Foco. Não há só uma estratégia vencedora. Qualquer descuido do adversário revela-se um portão escancarado de oportunidades para os outros jogadores. Então, preparado para explorar o fantástico continente negro?


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