África...
Um continente praticamente desabitado, pronto nos receber. E de braços abertos.
Já tenho o planejamento dos próximos cinco anos na minha cabeça. Começo pela
costa do Índico e faço fortuna com café. Ah, o café, quem vive hoje em dia sem?
Claro que não posso me descuidar do algodão, isso sim é uma mina de diamantes.
Falando em diamante, recebi informes que de norte a sul o lugar está cheio de
minas, só esperando um esperto para começar a minerar. Alguém esperto como eu,
lógico. Sim, tenho todo um continente virgem pela frente e tudo que tenho que
fazer é desfraldá-lo. Então venha comigo, pois Mombasa Tá na Mesa!
Mombasa
é um jogo complexo, de dois a quatro jogadores, com duração média de 180
minutos, lançado em 2015 por Alexander Pfister. Nele os jogadores entram na
pele de grandes investidores e comerciantes europeus, criando e expandindo seus
negócios por todo continente africano durante a época do Colonialismo.
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Sai fora! Jogo que oprime as classes mais desfavorecidas, criando a cultura do
abuso econômico e ignorando a história das lutas das minorias na África! Jogo
burguês não passarão!
Calma
lá, aquele que se acha um grande especialista em economia só porque pensou em
ler a contra capa d'O Capital. Como o próprio autor do jogo coloca no início do
manual de regras, Mombasa pode estar cronologicamente falando vagamente
definido dentro do periodo histórico do Colonialismo (que pode ser considerado
como um período trágico para os povos colonizados), mas ele não é uma simulação
histórica. É um jogo de estratégia com
um foco econômico que cerca de referências históricas e coloca-os em um
ambiente ficcional. A exploração do continente Africano e de seu povo não são
explicitamente representadas dentro do jogo. O autor ainda recomenda, para
entender mais sobre o período, o livro “History of Modern Africa: 1800 to
the Present” de Richard J. Reid
(Nota do Professor Slovic: Recomendo também os seguintes livros: “Uma Breve
História do Mundo”, do professor Geoffrey Blaine e “Uma Breve História da
Riqueza”, de Willian J. Bernstein).
Depois
de essa longa, mas extremamente necessária contextualização dos fatos, voltamos
ao jogo. Monbasa (Nota do Sr. Slovic: Grande cidade do Quênia. Um dos principais
entrepostos comerciais na época colonial africana) é um jogo com muitas
mecânicas diferentes, que juntas dão fluidez a partida: temos Alocação de
Trabalhadores, Administração de Cartas, Construção de Baralho e Criação de
Rotas. O Âmago do jogo é a expansão de quatro Companhias de Exploração,
enquanto os jogadores, através da venda de produtos e compra de contratos,
tentam aumentar sua participação acionária nos empreendimentos. Ou seja, cada
jogador não representa só uma das Empresas, mas todas, aumentando-as (ou
sabotando) conforme sua estratégia (Nota da Sra. Slovic: Bem parecido com o que
acontece em Airlines Europe).
No
início do jogo, todos tem um conjunto de cartas idêntico, que correspondem a
Contratos de venda de vários produtos (Café, Banana e Algodão), Permissão de
exploração das empresas, Mineração e Fechamento de seus livros contábeis.
Conforme o jogo avança, é possível conseguir mais (e melhores) cartas ou se
livrar das iniciais (que não tão boas). No início da partida só se pode usar
três destas cartas por rodada, mas é possível destravar o uso da quarta e da
quinta.
O
tabuleiro central representa o continente africano, onde novos entrepostos
comerciais das empresas são criados (ou fechados). Quanto mais entrepostos uma
Companhia possuir, maior a chance de suas ações valerem mais. Já o individual,
representa suas minas de diamante e o local onde armazena seus Livros de
Contabilidade. Quanto mais você avança na Mina e na Burocracia, mais Pontos de
Vitória (PV) você consegue no fim do jogo (além de liberar espaço para usar
mais cartas).
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Eitá, nóis! É muita coisa para entender. Complicado além da conta. Só gênio
para jogar.
Sim,
meu caro Wana, Mombasa é um jogo bem complexo, cheio de detalhes, com
múltiplas opções para conseguir PV, mas não é um jogo só para gênios. Não vamos
mentir que no final da primeira rodada você já entendeu tudo (Nota do Casal
Slovic: Principalmente se você está tentando aprender a jogar, junto com todos
na mesa, com um manual em Francês e ninguém sabe a bela língua de Victor Hugo),
mas no fim da primeira partida quem sabe uma luz no fim do túnel possa ser
observada. Realmente não se domina a arte de Mombasa em poucas partidas.
Um
ponto interessante do jogo é que, como não há uma trilha de pontos de vitória,
é quase impossível saber quem está ganhando antes do fim da partida. Você pode
até achar que está em ultimo e não fazer nada de bom no último turno, já
desistindo de tudo, e ficar em segundo por causa de um mísero ponto. (Quase)
Tudo vale ponto no final. No início há poucos lugares para alocar sues
trabalhadores, mas conforme avança na trilha das Empreses, novos pontos e
melhores pontos ficam disponíveis.
No
geral, Mombasa é um ótimo jogo, mas prepare-se para queimar o cérebro. Há muita
coisa para fazer e pouco dinheiro, cartas, trabalhadores, recursos... É
virtualmente impossível ser o melhor em todos os aspectos que dão PV, o que
aumenta consideravelmente a rejogabilidade. Foco. Não há só uma estratégia
vencedora. Qualquer descuido do adversário revela-se um portão escancarado de
oportunidades para os outros jogadores. Então, preparado para explorar o
fantástico continente negro?
Excelente Review, estou bastante curioso para jogá-lo, parabéns!!!
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