Saí de casa com o Sol ainda a
nascer. Tinha que comprar toda a corda disponível no mercado. Não sei ao certo
para que, mas Miguel viajou de noite para negociar com a guilda dos vidreiros.
Queria apressar nossa encomenda, mas sei que seria quase impossível, pois todos
tinham feitos grandes pedidos antes. Voltando para o ateliê, vi Rafa entrando
do prédio do Conselho. Espero que consiga algo produtivo. Na última vez que
fui, tudo que consegui foram algumas informações sobre possíveis futuros
projetos para a cidade, mas nada de muito útil. Encontrei Don dormindo sobre a
bancada. Ao que parece passou a noite no projeto. De novo, sem muito progresso.
Desanimado, fui ao escritório. Esperava encontrá-lo cabisbaixo e, como seu
primeiro discípulo, assumir toda a culpa no fracasso, mas o Mestre ao me ver,
com os olhos brilhando, me disse: “Léo, tive uma visão. Sei muito bem o que
fazer. Reúna os quatro, pois temos muito trabalho. Desta vez os terei os
Conselheiros aos meus pés. Corra, não temos tempo a perder, pois Leonardo da
Vinci Tá na Mesa!”
Leonardo da Vinci é um jogo
italiano lançado em 2006. Nele, os jogadores fazem papel de um grande inventor
na cidade de Florença do século XVI, em plena Renascença italiana, que deve
realizar alguns projetos, junto com seus aprendizes, a pedido do Conselho da
Cidade. De dois a cinco jogadores, com duração média de 90 minutos, Leonardo é
Euro desconhecido pelo público em geral.
- Se ninguém conhece, é porque é
ruim. Então, não perca tempo falando dele. Próximo jogo!
Ma que porca miséria. Va al
diavolo, Cazzo! Leonardo é um ótimo jogo, mas por ser antigo e não ser tão
badalado, poucos o conhece. É um Euro onde quase não há o chamado fator sorte,
onde planejamento e leitura da partida são as chaves do sucesso. O jogo é
dividido em nove turnos, sendo que cada é composto por três fases, exceto os
últimos dois. O tabuleiro, como em todo bom jogo de Alocação de Trabalhadores,
é dividido em setores: o concílio da cidade, as lojas, a academia e o ateliê.
Na parte de baixo do tabuleiro, ficam algumas cartas em aberto, representando
as invenções que a cidade tem interessem em comprar. O número de Cartas de
Projetos depende do número de jogadores. O moto do jogo é a criação destas
invenções. Cada carta tem, além do desenho do projeto (Nota do Sr. Slovic:
Todos são projetos criados pelo próprio Leonardo da Vinci), a quantidade e tipo
de material necessário, além do tempo de criação e seu preço.
Na primeira fase, cada jogador
decide secretamente qual projeto vai realizar (todos podem escolher o mesmo
projeto) e coloca embaixo do seu tabuleiro individual, que representa sua
oficina, os materiais necessários para criá-lo. Na segunda fase, por ordem,
cada jogador aloca um ou mais trabalhadores em uma área. Assim como em Stone
Age, não se pode colocar novamente em uma área que já tenha um trabalhador seu.
A terceira fase é a de resolução das áreas. Nessa fase, age primeiro quem
colocou mais trabalhadores em cada setor. Se há empate, quem colocou primeiro
age antes. Aqui se compra os materiais para as invenções, consegue novos
aprendizes, amplia-se o laboratório ou compra um segundo, pede favores para o
Conselho e pesquisa os inventos.
As invenções são separadas em três
cores: Cobre, Prata e Ouro e quatro tipos de Materiais principais. No inicio do jogo só há
disponíveis projetos da cor Cobre. Cada tipo leva um tempo diferente para ser
concluído. Esse tempo representa a quantidade de aprendizes e mestres que devem
ser alocados nos laboratórios. Por exemplo, escolhemos um projeto que leva sete
semanas. Na primeira rodada dois trabalhadores forem colocados no laboratório,
então o projeto andou dois espaços. Na segunda rodada colocamos cinco
trabalhadores. Então concluímos o invento. O primeiro jogador que finalizar o
projeto ganha mais dinheiro que os outros e pode ficar com a Carta de Projeto,
que dá um bônus de duas semanas para outros projetos do mesmo tipo.
Nas últimas duas rodadas, as áreas
do tabuleiro ficam indisponíveis, sendo possível somente alocar no laboratório.
É a chamada Fase de Pesquisa Pura, onde todo o esforço é concentrado na criação dos projetos
(Nota da Sra. Slovic: Desde que você tenha feito um estoque na material, se
não...). No fim das nove rodadas vence quem tiver mais dinheiro.
- Você disse que é um Euro, mas
não tem Pontos de Vitória. Não tente me enganar, seu mentiroso!!!!
Va al diavolo, tuo scema!
Burgiado é tua mama! As notas de
Lira (Nota do Sr. Slovic: Antiga moeda italiana, que já circulava em Florença
na época da Renascença) tem o papel de Pontos de Vitória em Leonardo da Vinci.
Um grande problema é decidir o quanto gastar para comprar os materiais
necessários nos projetos e quanto guardar para o fim do jogo. Há um bônus no
fim do jogo por tipos diferentes de projetos feitos.
No geral, Leonardo da Vinci é um
Euro clássico. Os componentes são simples, mas de ótima qualidade. O manual é
um pouco confuso e assusta um pouco o pessoal (Nota do casal Slovic: Temos que
confessar que, apesar de ser um dos primeiros jogos que compramos, Leonardo
ficou mais de 18 meses intocado. Vergogna! Vergogna!). Deve-se observar
com cuidado o que os adversários estão fazendo, pois eles podem ter a mesma
estratégia sua, mas agir antes no turno, o que pode significar várias Liras a
menos. O planejamento de turnos futuros é vital para se alcançar a vitória, mas
não deve ter medo de desistir do caminho traçado e começar novamente por outra
rota. Se você gosta de Euros, tem que conhecer Leonardo. Se não, pode ser o
jogo que venha a fazer você mudar de opinião. Então, quem está preparado para
provar ao povo de Florenza que é o novo Leonardo da Vinci?
Onde encontro este jogo?
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