Lembro que quando tinha uns quatro ou cinco anos assisti um comercial, durante uma preguiçosa tarde de domingo na casa dos meus tios, depois de um belo almoço e de correr e pular sem parar com minhas primas a manhã inteira, que me deixou eufórico. Era um jogo. Era um brinquedo. Na época não eram coisas diferentes para mim. Eu queria, mas não era janeiro, outubro ou dezembro. Não tinha motivos para ganhar, mas como toda criança, nunca me incomodei com isso. Como atormentei meus pais para comprar, mas nada. Eles até haviam concordado e até hoje não sei do porque dessa inusitada decisão, mas não tinha em nenhuma loja da minha cidade. Não lembro se chorei ou só fiquei triste, mas há vida para quem tem esperança. Não sei bem se era esperança. Acho um sentimento um tanto abstrato para já compreender nos meus loucos tempos do jardim de infância. Fomos para São Paulo passear no Playcenter, como fazíamos todos os anos. Era uma das minhas épocas favoritas do ano, mesmo sendo a, no máximo, terceira vez que isso acontecia na minha vida. Como sempre antes de ir ao parque, paramos no Center Norte para lanchar e o que eu vi na loja em frente de onde comíamos? Isso mesmo. Meu sonho de consumo, que na época, como para qualquer pirralho de 4 anos, mudada a cada 6 minutos e 45 segundos, estava aí. Já não importava comer no McDonald's, nem lembrava da mera existência do Playcenter , não queria saber de qualquer coisa que não fosse meu precioso. Sim, levei para casa e se tornou meu jogo favorito, por uns 45 dias, até chegar o Natal. Boca Rica Tá na Mesa!
Boca Rica é um jogo lançado em 1984, de autor desconhecido por mim. Até pouco tempo atrás, era extremamente incomum aqui no Brasil dar crédito ao criador. Para qualquer número de jogadores e sem tempo médio definido, em Boca Rica temos que abrir o cofre colocando moedinhas dentro dele.
- Sério que você vão falar do Boca Rica? Não é jogo, é brinquedo. E todo brinquedo é tosco. Esse trambolho consegue ser pior que Jogo da Velha.
Saiba, pessoa desprovida das lembranças alegres que teve na infância, que já fizemos um Tá na Mesa sobre o Jogo da Velha (Nota do Sr. Slovic: Procure por Tic-Tac-Toe). E por qual causa, razão, motivo ou circunstância não vamos falar dele? É um jogo (Nota da Sra. Slovic: Pelo menos tenta parecer um, sem muito sucesso. Realmente nunca vi graça nele). Poucas regras são mais simples que as dele: coloque de uma a cinco moedas na fenda acima do cofre. Se ele abrir, todas as moedas que caírem são suas. Se não, passa e vez. E só. Se alguém conseguir ficar com todas as moedas, vence a partida.
No geral, Boca Rica é o melhor jogo do mundo (Nota do Sr. Slovic: Era o que diria meu eu de 5 anos). Falando sério, mesmo com toda a nostalgia e gostinho de infância, Boca Rica é na melhor das hipóteses, ridículo. Dependente da sorte em 100% das partidas (Nota do Sr. Slovic: Até alguém perceber que o número de “trek” que o segredo faz ao ser girado é a quantidade de moedas necessárias para abrir a porta) realmente ele não passa de um brinquedo ou um semi-jogo sem fim, já que é mais fácil todos perderem a paciência ou rolar briga antes de alguém conseguir todas as moedas. Seu design é legal. A criançada pira quando os olhos viram quando as moedas entram no cofre. E a sensação de ansiedade que os pequenos têm esperando a boca abrir soltando as moedas. Mas se você já entrou no ensino fundamental, dificilmente vai gostar de jogar, a não ser junto com seus irmãozinhos, priminhos, sobrinhos, filhinhos, netinhos...
E é isso!
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