Quando
os espanhóis chegaram ao novo mundo, encontraram uma grande selva. Para eles,
os nativos não passavam de selvagens e incultos, quase bichos. Mas era um
engano. Naquela região, floresceu uma das maiores civilizações, notável por sua
língua escrita, pela sua arte, arquitetura, matemática e astronomia. Ao
contrário de outras grandes civilizações, os maias não se organizaram
politicamente através de uma estrutura de poder político centralizado, mas em
uma rede de vários centros urbanos independentes como Palenque, Tikal e Uxmal.
Venha descobrir um pouco mais sobre os Maias. Tzolk'in Tá na Mesa!
Tzolk'in
é um jogo lançado em 2012 por Simone Luciani e Daniele Tascini. De dois a
quatro jogadores, com duração média de 90 minutos, em Tzolk'in os jogadores são
chefes de tribos maias, tentando prosperar.
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Mais um joguinho idiota de civilização? Tô fora!
Ledo
engano, chamaco. Tzolk'in não é um simples jogo (Dica da Sra. Slovic:
Seja em tempo de duração, complexidade ou arte). Ele é único e o que o faz ser
diferente são suas engrenagem. Nele o jogador não aloca seu trabalhador em uma
mundana área do tabuleiro, mas em uma rede de engrenagens, que rodam a cada fim
de turno (Nota do Sr. Slovic: É bem interessante de ver). Tzolk'in, na cultura
maia, é o nome dado a seu calendário (Nota do Sr. Slovic: Já ouviu falar no
famosos fim do mundo que aconteceria em 2012?), que é composto de ciclos, por
isso o uso das engrenagens.
Em
seu turno o jogador pode colocar ou tirar seus trabalhadores (Dica da Sr.
Slovic: Ênfase no OU. Tome muito cuidado. Isso confunde novatos, e alguns
veteranos). Ao tirá-los, faz imediatamente a ação do local. Para colocar,
paga-se o valor descrito no local mais a quantidade de trabalhadores já
colocados na rodada. Como se pode notar, é caro colocar o pessoal para labutar.
Quando todos os jogadores fizerem suas ações, a engrenagem central se move,
girando toas as outras quatro, mudando o local dos trabalhadores.
Cada
engrenagem representa uma cidade maia: Palenque, Tikal, Yaxchilan, Uxmal e
Chichén Itzá. Cada uma especializada em um tipo de ação: Agricultura,
Conhecimento e Arquitetura, Recursos, Religião e Comércio. Cada espaço no
tabuleiro onde fica os dentes das rodas representam uma ação diferente (Dica do
Sr. Slovic: É bom sempre lembrar que o jogador nunca irá fazer a ação de onde
colocou o trabalhador. A roda vai girar pelo menos uma vez antes de poder
usá-lo novamente). Se alguma peça ficar tempo suficiente na roda para chegar
até onde ela encosta na engrenagem central, o trabalhador é “esmagado pelo
tempo” e volta para o jogador sem realizar nenhuma ação. Assim como os Maias, o
jogo usa Milho como moeda.
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Então vou ser pipoqueiro!
Piada
infame, güey. Outra importante parte da cultura Maia presente e,
Tzolk'in é a Religião. Os jogadores podem avançar nas trilhas dos três deuses:
Chaac, Quetzalcoatl e Kukulkan. Eles dão Pontos de Vitória (PV) e Recursos
durante o jogo. Outra Trilha, também muito importante, é a da Tecnologia,
dividida em Agricultura, Mineração, Arquitetura e Teologia, cada uma com quatro
níveis, dando habilidades diferentes ao jogador. No início da partida cada
jogador escolhe duas fichas, que dão os Recursos Iniciais e/ou avanço em alguma
trilha.
A
partida termina quando a engrenagem central dá uma volta completa, mas há
acontecimentos importantes a cada um quarto de volta. Com um quarto e três
quartos de volta, os deuses dão recursos conforme o avanço em cada templo. No
meio e fim de jogo, os deuses concedem PVs e, o mais importante, os
trabalhadores devem ser alimentados com milho (Nota do Sr. Slovic: Se acha Agrícola
punitivo em relação a fome dos seus trabalhadores, é porque nunca jogou
Tzolk'in). Milho é um recurso que pode ser muito difícil de conseguir, pois
para haver um campo de milho, a floresta precisa ser antes ou cortada (dando
madeira) ou queimada, se o jogador não tiver o nível de Tecnologia suficiente.
Se o jogador decidiu queimar, os deuses ficam bravos e ele perde pontos nos
templos. E subir na trilha dos templos requer ou milho ou Caveiras de Cristal.
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Uau. Tipo do Indiana Jones?
Sim,
Chavo. E não é um token ou uma ficha. São pequenos crânios azuis, muito
bem feitos (Nota da Sra. Slovic: Mais um charme do jogo). Para todas as ações
da engrenagem de Chichén Itzá é necessário o uso de uma Caveira, rendendo
muitos PV e avanço em um Templo. Conseguir uma Caveira é uma ação de XXX. Daí
da para notar que não é fácil agradar os deuses e que conseguir milho é
precioso.
Tzolk'in
muitas coisas para fazer, por isso os jogadores menos experientes podem se
perder no meio a tantas opções. Devo colher milho ou pegar recursos para
construir prédios? Avançar na religião ou na tecnologia? Conseguir mais
trabalhadores significa mais ações por turno, porém são mais bocas para
alimentar. Há inúmeros caminhos para a vitória. Além dos Templos, os Monumentos
também dão PVs no fim da partida, mas não há tempo suficiente para se fazer
tudo. É melhor de especializar em algo.
Já
há uma expansão: Tribes & Prophecies. As Tribos dão habilidades únicas e
poderosas a cada jogador enquanto as Profecias acontecem a cada quarto de jogo,
dando PVs ao que conseguirem cumpri-las (como ter certa quantidade pedra ou
milho) e muitas penalidades aos que as ignoraram. Mas as Profecias dificultam
obter esses recursos. Além disso, há a possibilidade de um quinto jogador.
No
geral Tzolk'in é um grande jogo. Muito bom mesmo. Ele é lindo e exótico (Dica
do Sr. Slovic: Alguns jogadores chegam a pintar as engrenagem e conseguem
elevar o conceito de beleza de Tzolk'in. Se você tem o dom artístico, faça!).
Mas por ser muito aberto, até mesmo escalafobético, ele pode ser indigesto para
alguns. Não é um jogo para apresentar ao seu amigo que nunca jogou nada além de
Detetive e War (Nota da Sra. Slovic: Veja bem, é só uma dica. Já fizemos isso e
deu certo, mas não já vimos casos que a pessoa nunca mais jogou nada). A
expansão tem pontos bem interessantes, mas melhor deixar as Profecias para quem
já conhece bem o jogo. Se o jogo base já deixa alguns perdidos, com elas o
jogador pode só ficar tentando cumpri-las e não fazer nada, tendo uma
experiência muito ruim. Tzolk'in é um jogo muito bom. Vale a pena conhecer e
até mesmo ter em sua coleção. Só tente não ser esmagado por suas engrenagens.
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