Dizem que é fácil governar. Ter o
poder supremo em suas mãos. Bem, isso até poderia ser verdade nos tempos
antigos, quando um alguém realmente tinha o poder absoluto. Mas em falando em
democracia, a verdadeira democracia, e não essas republiquetas que dizem ser,
mas tem um ditador mandando e desmandando, isso não acontece. É um trabalho
árduo. Propor algo e depois conseguir apoio para as votações. Claro que o
caminho mais fácil envolve negociações por baixo do pano, o famoso
toma-lá-da-cá, mas se você que seguir o cominho correto, deve saber o caminho
das pedras e ter em mente que elas são pontiagudas e a jornada é árdua. Mas em
frente, City Council Tá na Mesa!
City Council é um jogo lançado em
2013 por Elad Goldsteen. Para dois a cinco jogadores, com duração média de 60
min. Nele, os jogadores são membros do Conselho Municipal de uma cidade recém-fundada
e devem planejá-la, propondo facilidade e votando.
-Então é um jogo sobre a fina e nobre
arte da política. Enfim um assunto de homens.
Cara, deixa de ser tão
conservador, reacionário e caretão. Só falta dizer sua eterna ladainha de jogo
e politica não são para mulheres. Em termos da estrutura política brasileira,
os jogadores podem ser considerados vereadores. Um fato interessante do jogo
que é os recursos são compartilhados e, se os índices negativos alcançarem
certo níveis, todos perdem, então ele pode ser considerado um semi-cooperativo.
No inicio do turno, os jogadores
decidem em qual comitê cada um ficará. Há cinco: Eleitoral, Transporte, Tesouro,
Sindical e Executiva. Cada um tem suas funções (Nota do Sr. Slovic: Por
exemplo, o Eleitoral escolhe quem fica em cada comitê na rodada) e o jogador só
pode ficar no mesmo comitê por no máximo duas rodadas consecutivas. Depois de
escolhidos, os conselheiros devem colocar em votação um projeto, que pode ser a
construção, demolição ou realocação de um prédio. Vários prédios ficam
disponíveis para a escolha e toda rodada novos entram. Todos devem votar em um
projeto que não seja o seu, exceto quem está na cadeira Executiva, que tem dois
votos e o segundo pode ser no projeto próprio.
- Vou votar em todo mundo menos em
você, só para não te deixar ganhar nada.
Que Debilóide... Você já fez isso,
que eu sei. Se acha o maioral, mas é um Zé Mané. E depois, adotando essa
tática, será você a nunca ganhar. Aqui entra no jogo a velha política, onde os
acordos entre os vereadores são feitos (Nota do Sr. Slovic: “Vota no meu que no
próximo turno eu te apoio” ou “Ela está ganhando! Deixe o projeto do hospital
para lá). As vezes não é nado bonito ou ético, mas faz parte do jogo.
E o que seria de um jogo de
política sem o Lobby? (Nota da Sra. Slovic: É o nome que se dá à atividade de
influência, ostensiva ou velada, de um grupo organizado com o objetivo de
interferir diretamente nas decisões do poder público, em especial do poder
legislativo). Todo o turno os jogadores compram Cartas de Interesse, que
influenciam o projeto a ser proposto pelo jogador. Elas representam desejos de grupos
organizados da cidade, tanto políticos como sociais. São policiais que querem
mais uma delegacia ou uma prisão, ou ambientalistas que querem demolir uma
fábrica e construir no lugar um parque. Cada vez que uma Carta de Interesse é
cumprida, o jogador ganha Pontos de Vitória.
Os prédios são divididos em três
categorias: Residências, Comércios e Indústrias. Já a cidade está dividida em
sete zonas: Central, 2 Comerciais, 2 Industriais e 2 Residenciais. Os prédios
têm diferentes formatos e na hora do membro do comitê Executivo colocar, lembra
um pouco Bärenpark e The Princes of Florence. Os prédios têm custos, que são
totalmente pagos pela cidade. Se uma construção estiver em uma zona diferente
da sua, mesmo que só um pouco, o custo aumenta. No Centro, qualquer tipo de
prédio pode ser feito.
Depois que o prédio é colocado,
vem a Fase de Ativação. Cada jogador escolhe um prédio diferente para ativar,
pagando os custos, como Trabalhadores Braçais ou Especializados, Mercadorias,
Dinheiro. Cada prédio trás um benefício para a cidade, como dinheiro, energia,
trabalhadores especializados e segurança. Mas alguns também trazem
desvantagens, como criminalidade e poluição. Quem está no comitê de Transporte,
pode ativar dois prédios. Exceto pela zona central, todas as outras necessitam
serem energizadas, ou seja, enquanto não tiver nenhuma usina em jogo, as
construções em zonas específicas não rendem nada para a cidade. Para conseguir
energia, uma usina deve ser ativada.
- Na minha cidade não haverá
criminalidade, nem poluição e essas miudezas. Isso é coisa de comunas.
Calma, cabeça de coxinha! Nada é
tão simples assim. As vezes conseguir um grande benefício a cidade terá como
consequências alguns malefícios. No fim do turno são contabilizados os
benefícios ganhos pelos prédios e o que eles trouxeram de ruim. Vê a quantidade
de Trabalhadores desempregados e ajusta o Índice de Criminalidade (Nota do Sr.
Slovic: Muitos trabalhadores Braçais desempregados gera criminalidade e espanta
os Especializados). Se a Poluição ou Crime chegar a certo nível, todos perdem.
O jogo acaba na rodada que alguém chegar a 11 pontos e quem tiver mais no fim
desse turno é declarado o novo Prefeito.
No geral, City Council é um jogo
curioso. Todos querem chegar ao mesmo objetivo e, às vezes, é melhor ajudar seu
adversário do que seguir sua agenda política à risca. O sistema de escolha dos
Comitês é um tanto heterodoxo e pode gerar algum desconforto, principalmente se
dois jogadores fizerem o jogo de troca de favores, sempre ficando entre eles o
Comitê Eleitoral (Dica do Sr. Slovic: Não que os outros Comitês sejam piores.
Na verdade, são até mais estratégicos, mas esse joguinho de comadres pode
deixar o jogo bem chato). City Concil é um jogo político, então pode acontecer
de jogadores se unirem contra outro, minando qualquer coisa que ele tente
fazer, mas isso infelizmente faz parte da politicagem. Não é um jogo que vá
agradar a todos os públicos, mas é interessante de conhecer por ser um tanto
diferente do padrão. Lembre-se: “Na política não há amigos, somente conspiradores
que se unem”.
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