Se havia uma família que
representava o poder na Itália renascentista, eram os Medicis. E ninguém foi
entre os Medici foi maior que Lorenzo. Claro que houve pessoas na família muito
influentes antes. Claro que seus sucessores foram poderosos, mas ninguém se
igualou a ele. Comandando os Medici com mão de ferro, conseguiu a estabilidade
política na Itália. Escolheu Papas, foi um dos principais patronos das artes
durante a Renascença, foi senhor incontestável de Florença. E agora, Lorenzo
il. Magnifico Tá na Mesa!
Lorenzo il Magnifico é um jogo
lançado em 2016 por Flaminia Brasini, Virginio Gigli e Simone Luciani. De dois
a quatro jogadores, com duração média de 120 minutos, em Lorenzo os jogadores
são chefes de poderosas famílias que usam todos os recursos que tem para
conseguir mais influência.
- Oba, se são famílias italianas,
então são mafiosos! Adoro jogos com tiros, pizzas e mortes!
Mama mia, ma tu sei uno
stronzo! Deixe esses estereótipos de lado. Estamos falando da renascença.
Lorenzo é um jogo de alocação de trabalhadores. Todos tem quatro trabalhadores,
cada um representando um membro da família com influencia em uma área: Militar,
Clero e Nobreza (Nota da Sra. Slovic: O ultimo não tem influencia nenhuma,
então é chamado de Bastardo. Seu peão tem uma cor neutra). No começo do turno,
são jogados três dados (branco, laranja e preto). Os valores definem o poder de
cada um dos membros. O bastardo sempre tem valor zero.
O tabuleiro central é dividido em
cinco áreas: Torres, Mercado, Conselho, Produção e Manufatura. Cada área no
tabuleiro central tem um número associado. Para um trabalhador ser colocado
ali, ele deve ter no mínimo esse valor de influencia. Para alocar alguém de
valor menor (Nota da Sra. Slovic: Como o Bastardo), gasta-se serviçais.
- Sacanagem com o bastardo. Jogo
preconceituoso.
Cazzo! Calma, baba ovo do
João das Neves. Na época, tipos como vocês não eram bem vistos e viviam
marginalizados (Nota do Sr. Slovic: Quer dizer que ficavam à margem da
sociedade e não que todos eram bandidos). Nas área das Torres ficam cartas para
serem compradas. Cada uma das quatro Torres tem um tipo de carta: Paisagens
(verde), Personagens (azul), Prédios (amarelo) e Aventuras (roxo). As cartas de
Paisagens são locais conquistados ou dominados por sua família, como um bosque,
uma vila ou um monastério. As cartas de Personagens são pessoas fiéis à
família, como um padre ou um cavaleiro. Já as cartas de Prédios são construções
que transformam um recurso em outro, como celeiros e olarias. Por fim as cartas
de Aventura representam grandes feitos, como uma batalha ou uma cruzada contra
os hereges. Se a Torre já está ocupada por outro jogador, há um custo extra de
três moedas para colocar um familiar. Não é possível um jogador ter dois
familiares na mesma Torre (Dica do Sra. Slovic: Lembre-se que o Bastardo não é
considerado da família? Então, pode usá-lo aqui sem problema). As cartas depois
de compradas ficam no tabuleiro individual do jogador. Normalmente elas dão
bônus imediato e um benefício ao longo da partida.
A área do Conselho decide a ordem
de turno da próxima rodada. O primeiro a colocar um familiar se torna o
Primeiro Jogador. Além disso, pega moedas e um Favor: pegar Madeira e Pedra ou Serviçais
ou Moedas ou aumentar o Poder Militar ou o Clerical. No mercado é possível
conseguir Moedas, Serviçais, Poder Militar ou Favores.
Todas as cartas de Paisagem e
Prédio tem um valor de dado e um tipo de recurso. Quando um familiar é colocado
na área de Produção todas as cartas verdes que estão no tabuleiro individual do
jogador, quem tem um valor de igual ou menor que o familiar, produzem. Ex: A
Floresta produz madeira, se o familiar tiver influência três ou mais. O
primeiro a colocar na área usa o valor normal do familiar, os outros tem uma
penalidade de três. O mesmo ocorre na área de Manufatura com os Prédios.
Ao final da Segunda, Quarta e
Sexta rodadas é verificado o nível do Poderio Clerical. Todos que tiverem
abaixo de um determinado valor, recebe uma penalidade chamada de Excomunhão.
Quem estiver no valor pode escolher receber a penalidade ou perder todos e
ganhar Pontos de Vitória (Pvs). As Excomunhões, que são bem pesadas, são
sorteada no início da partida.
- Mas vivemos em um pais laico.
Abaixo o poder do patriarcado!
Ma che porca miseria, vai al
diavolo! Pense na ambientação do jogo e veja o quão poder a Igreja tinha na
vida das pessoas na época. No fim da partida conta-se os Pvs. Muitas coisas dão
pontos: quantidade de cartas Paisagens e de Personagens, Recursos e cartas de
Aventuras. Excomunhões da sexta rodada tiram Pvs. Quem tiver mais Pvs, vence.
Há dois modos de jogo: Normal e
Avançado. A diferença é que no Avançado usa-se as cartas de Líderes e cada
jogador começa com uma quantidade diferente de recursos (dinheiro, madeira,
pedra e serviçais) e de Poder (Militar e Clerical). As cartas de Líderes dão
grandes benefícios quando completos. Essas cartas tem um custo muito alto, mas
você não precisa pagar, só ter com você. Por exemplo, se o custo é de quinze
Serviçais o jogador só precisa ter essa quantidade desse tipo de recurso, não
vai gastá-lo. Todos começam com quatro cartas de Líder e como ação livre pode
descartá-la para ganhar um Favor. Todos representados nas cartas são figuras históricas
dessa época.
No geral, Lorenzo il Magnifico é
um grande jogo. Muito estratégico e apertado. Em muitas partes lembra o
fabuloso Signorie (Nota do Sr. Slovic: Que tem o mesmo tema), mas tem uma pegada
diferente. As regras são simples e fáceis de aprender, mas difícil de dominar,
assim como vários jogos desses autores, como Tzolk'in, Grand Hotel Austria e
Marco Polo. Nem tente o jogo Básico, vá direto ao Avançado. A partida fica
muito melhor e as cartas de Líder dão um caminho para o jogador seguir, pois
como tem muitas coisas para fazer, mas poucos recursos, você pode ficar perdido
nas primeiras partidas. Os componentes são de extrema qualidade e a arte é
linda. Quando se joga com menos de quatro jogadores, algumas partes do
Tabuleiro Central ficam fechadas e alguns marcadores ficam no local, camuflando
o tabuleiro. Ficou bem legal. Agora venha descobrir porque Lorenzo de Medici
foi chamado de “O Magnífico”!
Parabéns pelo texto. Fiquei com vontade de pegar esse jogo. Ainda bem que vem para o Brasil.
ResponderExcluirAguardando chegar no Brasil tb.
ResponderExcluirVai sair no Brasil por qual editora?
ResponderExcluirMeeple BR
ResponderExcluirGalera, adquiri o Lorenzo Il Magnífico e achei o jogo fantástico. Todavia, me parece meio insjusto o último jogador da primeira rodada acabar sendo o último em todas as demais e, por consequência, sendo obrigado a gastar mais moedas para comprar cartas de torres ocupadas e ficando com as “menos poderosas” delas. Isso ocorre pq os jogadores que jogam primeiro acabam indo à sede do concílio primeiro, garantindo jogar primeiro nas próximas rodadas... E aí pagam menos moedas, compram melhores cartas... Está correto isso? Tem alguma regra que estou interpretando errrado? Se alguém puder auxiliar... Não quer dizer que o primeiro sempre vá ganhar, mas me pareceu desequilibrado isso.
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