As vezes, um pouco antes do
amanhecer, gosto de senta a beira do lago Alpich e observar o inicio dos
trabalhos nas fazendas da região. Homens e mulheres, das mais diferentes faixas
etárias acordam cedo para a labuta de todo santo dia. Cuidar das plantações,
alimentar os animais, preparar as encomendas, pois o povo da vila espera
ansioso pela feira, onde se pode comprar as melhores carnes e vinhos da região.
Além disso, tem o açougue, a mercearia e, por que não, o banco esperando as
carroças vinda das fazendas. E com o dia já raiando, o que você está esperando?
Corra, pois La Granja Tá na Mesa!
La Granja é um jogo para um a
quatro jogadores, lançado em 2014 por Andreas Odendahl e Michel Keller. Com
duração média de 90 minutos, os jogadores fazem o papel de pequenos produtores
rurais, que devem administrar da melhor maneira possível seu pequeno pedaço de
terra.
- La Granja? Deve ser penoso de
jogar!
Nada disso, pintinho amarelinho.
La Granja (Nota da Sra. Slovic: Granja em espanhol significa Fazenda e, ao
contrário do que se possa imaginar, não há aves no jogo) é um jogo sem muito
mistério, mas com muitas opções, que podem confundir qualquer um nas primeiras
partidas. A partida é dividida em seis turnos e em cada turno há quatro fases:
Sítio, Receita, Tranporte e Pontuação. Vence quem conseguir mais Pontos de
Vitória no fim do jogo.
O Tabuleiro Central representa a
vila de Esporles (Nota do Sr. Slovic: Cidade espanhola, que fica próxima a Mallorca
onde realmente existe um grande complexo cultural chamado La Granja), onde
estão a Feira e os Prédios. Já o Tabuleiro Individual, que representa o sítio
de cada jogador, tem um formato nada ortodoxo, por causa das cartas que são
usadas em jogo. Esse é uma das boas sacadas do La Granja.
Cada carta pode ser usada de
quatro maneiras diferentes, dependendo de como o jogador a usa em seu
tabuleiro. Se usadas nas laterais, representam plantações (lado direito) ou
estábulos (lado esquerdo). Na parte superior, são contratos de venda. E na
parte inferior, trabalhadores. Cada sítio comporta no máximo três Contratos
(cada vez que um é completado, libera espaço para outro), três espaços para
Trabalhadores (que podem ser descartados para ceder a vaga a outro) e não há
limites para Plantações e Estábulos (Nota do Sr. Slovic: Diferente do possa
imaginar, são usados para criação de porcos, não cavalos). A única diferença na
hora de baixar as cartas, é que os Estábulos custam recursos e quanto mais
baixados, mais caro fica o próximo. Os Contratos permitem levar a produção para
a feira e os trabalhadores dão habilidades especiais, que permitem quebrar
várias regras.
Há algumas ações livres, que podem
ser feitas a momento no turno no turno do jogador: vender ou comprar Recursos
(azeitona, grãos, uva e porcos), transformar Recursos em Produtos (Azeitonas e
Grãos em Comida, Uva em Vinho e Porco em Carne) e usar a vantagem de um
Telhado. Mercadorias são o Coringa do jogo. São armazenados no centro do sítio
e podem ser usados para várias coisas: Fazer Produtos sem pagar, conseguir
Mercadorias, ganhar dinheiro.
- Uai... É muita coisa. Isso não
vai dar certo.
Calma, primo distante do Zé da
Roça! Sim, La Granja tem muitas informações, mas o jogo é fluído. Na primeira
ocorre no sítio: novas cartas são baixadas, as plantações e o rebanho crescem e
há possibilidade de reformar o telhado, pois a cada rodada uma Telha por
jogador fica disponível para compra. A Telha concede um benefício, que só pode
ser usado uma única vez, e dá, a partir da segunda adquirida, PV. A grande
questão nesta fase é que carta usar, pois só uma pode ser baixada agora (Nota
do Sr: Slovic: É possível baixar nas outras fases, mas só nesse é garantida).
A segunda fase lembra muito os
jogos do Stefan Feld, como Bora Bora e Castle of Burgundy. Vários dados são
lançados (são dois por jogador mais um). Cada jogador deve escolher dois dados
e ganhar o bônus conforme a tabela no Tabuleiro Central: Recursos, Produtos,
Dinheiro e baixar mais Cartas estão entre os bônus. O dado que sobrar é usado
por todos.
Na terceira fase cada jogador deve
escolher um token de entrega (Há quatro para cada um). A entrega serve para
movimentar os Recursos e Produtos dentro do sítio e para a Vila (exceto para a
Feira). Há dois símbolos no token: burrinhos e chapéus. Cada burrinho no Token
escolhido permite que uma entrega. Cada Chapéu dá um ponto na Trilha da Siesta
(Nota da Sra. Slovic: Siesta é um costume muito comum na Espanha e no México,
onde os trabalhadores tiram um descanso após o almoço para dormir). A posição
na Trilha determina o primeiro jogador no próximo turno e dá PVs. Um token
usado é descartado e só pode ser usado novamente na quinta ou sexta rodada. Na
entrega é possível movimentar os Recursos e Mercadorias para os espaços
disponíveis em um Contrato. Quando um contrato é completado, os Produtos são
levados até a Feira, o que dá mais PV e Mercadorias. É possível usar a entrega
para levar recursos, produtos ou dinheiro para os Prédios do tabuleiro central.
Cada Prédio completado dá um bônus na primeira fase. Por fim, pode gastar
dinheiro para realizar mais entregas. E Na ultima fase são distribuídos os PV
da Feira e da Trilha de Siesta.
No geral, La Granja que tem um
toque de Uwe Rosemberg e Stefan Feld, é um grande jogo de gerenciamento, com um
fator sorte que não é predominante. Há imprevisibilidade na jogadas de dados e
na compra das cartas, mas nada quem um bom planejamento não resolva. Apesar de
não ser um jogo muito leve, justamente por causa da escolha das cartas (Nota da
Sra. Slovic: tem mais de setenta cartas, cada uma podendo ser usada de quatro
formas diferentes!), a passagem do tempo raramente é percebida e quando se você
se dá conta, já está no último turno. Quase não há interação entre os
jogadores, que só ocorre quando as há entregas na Feira, pois é possível tirar
uma peça adversária se o número da barraca adjacente for menor que a usa (Nota
do Sr. Slovic: Sim, nessa parte é um jogo Fura Olho, mesmo), por isso é
possível jogar Solo com pouquíssimas modificações nas regras. Não é por acaso
que La Granja está no topo de várias listas de bons jogos. Bons não,
excelentes! É hora de sujar a mão de terra. Quem está conosco?
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