A enganação é uma arte. Mentira, lorota, conversa fiada, conversa
furada, conversa mole, conversa pra boi dormir, enrolação, engambelação,
embromação, tapiação, ludibriação, pilantragem, malandragem, picaretagem,
trambicagem. Você é bom nisso? Então se prepare, pois Blefe de Mestre Tá na mesa!
Blefe de Mestre é pré-histórico,
mas que ainda diverte muito. Lançado no Brasil pela Estrela (na época que eles
lançavam jogos que não eram simples variações do Banco Imobiliário ou do Jogo
da Vida!), o comercial de lançamento, em 1985, era capitaneado por Marcelo Tas
que reproduzia frases do jogo e deixava as pessoas em situação constrangedora,
até que, por fim, levava uma guarda-chuvada de uma velhinha (Nota do Sr.
Slovic: Velhinha que, aliás, está na capa da caixa).
- 1985? Eu nem ‘tava na barriga
da mamãe! Já tinha jogos naquele tempo?
É, meu caro zigoto! O jogo é de
adivinhação. Há várias cartas, em geral, com três ou quatro frases incompletas,
terminando em reticências. Os jogadores devem relacionar a frase lida com o seu
criador. Quem acertar mais, ganha. Todos escolhem uma única frase e escrevem seu
complemento no papel. Logo, você terá de 3 a 6 frases e um espaço para marcar
quem você acredita ser o dono daquele rompante criativo.
Embaralham-se as folhas que são
redistribuídas. Cada jogador lê uma resposta e todos elegem quem a criou. O
jogo traz apenas quatro capinhas para esconder as frases que serão embaralhadas
para adivinhação, mas isso é facilmente contornado apenas dobrando os papéis de
forma idêntica.
O grande macete é que todos
escrevam a lápis pois, se um dos
jogadores tiver uma caneta diferente, saberemos, sempre, qual é o texto dele,
pela cor da tinta. Tentar mudar a caligrafia também ajuda! (Nota da Sra.
Slovic: Nossa caixa tem vários lápis. Quanto mais igual, melhor).
O jogo dá mais certo entre
pessoas que não se conheçam muito profundamente: jogar com irmãos ou cônjuge
costuma deixar o jogo fácil demais. Mas há como evitar isso, burlando, ou
melhor, blefando! Você complementa a frase, não com uma ideia original sua, mas
pensando com a mente do seu oponente, e pode criar uma sentença com a cara do
outro jogador e levar todos da mesa a erro, menos você!!
Então, uma vez jogando Blefe de
Mestre, a frase escolhida foi “Eu durmo em...”. Eram quatro jogadores. Dois
colocaram “...em silêncio”. O terceiro, completou com a cidade em que o outro
jogador morava, tentando blefar: “...em São José dos Campos.” E o quarto,
apelou para “Eu durmo em...latado!” Como qualquer jogo que exige muito a competência
criativa da pessoa, quanto mais tarde começar o jogo, melhor. Foram boas
risadas madrugada a fora!
- Eu quero!
Ah, meu inexperiente infante,
infelizmente esse jogo está fora de linha e só pode ser encontrado em sites de
leilão e nas casas de boardgamers que conseguiram manter suas coleções para
além-puberdade, e que resistiram às queixas maternas de que “você não brinca
mais com isso, vou dar para o filho do vizinho!”. Triste sina...
No geral, Blefe de Mestre é um
jogo simples, descontraído e rápido. Serve para animar churrascos e festas
pós-eliminação humilhante do Brasil, coisas do gênero e ou simplesmente
reuniões de amigos ou saidera de uma maratona de jogos mais pesados.
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