O xamã subiu em uma pedra, no
centro de nossa pequena vila. A noite era clara, por causa da lua cheia. Ele
dizia algo em sua língua sagrada e apontava para as estrelas a oeste. Não
entendíamos as palavras, mas sim o significado. Era hora da mudança. Devíamos
deixar nossa terra e procurar um novo lar. Alguns não concordam e ficarão aqui,
mas sei que um dia também irão se mudar. Algo me diz que é da nossa natureza
nos espalhar. Há muitos lugares para explorar. Ao partir, o Xamã percebe o que
sinto e me diz algo em sua língua, que entendo: Origin Tá na Mesa!
Origin foi lançado em 2013. Criado
por Andrea Mainini, o jogo comporta de dois a quatro jogadores e leva em média
45 minutos. Os jogadores devem determinar à longa e inexorável caminhada da
humanidade, expandindo-se para todos os continentes, partindo do Coração da
África, mas não deixando sua herança ficar perdida no tempo. As tribos são
representadas por belas peças de madeira.
- Então é só ficar colocando essas
pecinhas cabeçudas de ludo no tabuleiro?
Não é tão simples, seu Pan
Troglodytes megalocéfalo. Realmente um dos principais atrativos do jogo são
suas peças. Esculpidas em madeira, lembra muito artigos de artesanato rupestre.
A altura e largura dos peões determinam sua velocidade em se mover pelo
tabuleiro e sua força nas batalhas. Cada jogador tem uma única ação: evoluir;
movimentar e guerrear. E sempre que entrar em um novo território, deve-se
comprar cartas de Inovação e de Tecnologia. São três tipos de Cartas de
Inovação: Amarelas (Ação, só se usa uma vez), Laranjas (Permanente, uma
vantagem que dura até o fim da partida) e Rosas (Objetivos). As Cartas de
Tecnologia criam uma pequena Árvore Tecnológica, que vai até o nível cinco.
Na Evolução, coloca-se uma nova
peça em jogo, em território adjacente a outra. A nova tribo deve ter duas
características idênticas à antiga (largura, altura ou cor), o que representa
uma pequena diferenciação entre as tribos (Nota do Sr. Slovic: Como realmente
aconteceu conosco. É só ver a gradual mudança entre os primeiros africanos com
os povos da Oceania ou do norte da Europa, por exemplo). Não é possível fazer a
Evolução se não houver uma peça que tenha somente uma característica diferente
da tribo anterior.
Na Movimentação, uma tribo já
estabelecia muda de território. O quando ela pode se mover é determinado por
seu tamanho. Quanto maior a peça, mais ela pode andar e se distanciar das
outras, alcançando rapidamente novos continentes.
Já a Guerra consiste em trocar de
território com outra tribo. Uma tribo mais forte, ou seja, uma peça mais larga
fica no território da mais fina. Ao contrário do que se pode pensar, a tribo
que perder a guerra não é eliminada do jogo.
- Tem guerra no jogo, só que não?
Até ludo tem eliminação! Não quero jogar esse jogo!
Só porque não há eliminação, não
significa que o jogo seja ruim, seu rufião pleonástico. Origin, no início, pode
até parecer um jogo bobo, mas bem é estratégico. Todos começam com uma carta de
Objetivo, que nada mais é que uma rota para ganhar, mas não é necessário
segui-la para ser o vencedor. E a cada território rosa desbravado, pega outro
objetivo. Além das Cartas de Objetivo, no final conta pontos também as cartas
de Tecnologia, com os tokens de Caça (que ganha o primeiro a entrar em um
território Verde) e de Navegação (ganha o primeiro a ter duas tribos adjacentes
nos estritos de travessia de continentes). No fim, o vencedor é aquele que
tiver mais Pontos de Vitória.
Diferente da grande parte dos
jogos, em Origin os jogadores não escolhem a cor dos Peões. Todos devem jogar
com as três cores. O que diferencia são pequenos círculos, que representam a
vila de cada jogador. Sempre que um Peão entra em jogo, coloca-se embaixo dele
um círculo. E sempre que um Peão se mover, a vila vai junto. É interessante ver
no fim do jogo as tribos mudarem gradualmente pelo mundo (nota da Sra. Slovic:
Criando uma humanidade diversificada. Quem sabe jogando Origin, as pessoas não
entendem que temos uma ancestralidade comum e termina com esse preconceito bobo
de raça?)
No geral, Origin é um jogo rápido,
bom para jogar com iniciantes, mas que possui certa estratégia, que agrada os
veteranos. Há um manual de regras Versão Júnior, mas que não muda muito o
andamento da partida. O jogo é muito lindíssimo, principalmente, como já
dissemos, os Peões. O tabuleiro representa um mapa antigo e rustico, mas não
uma representação exata dos continentes, tanto que a índia está separada da
Ásia, assim como as Américas, o que o deixa no clima do jogo (Nota do Sr.
Slovic: Já que estamos falando de algo que terminou milhares de anos atrás e duraram
outros tantos milhares). Venha viver a maior aventura de todos os tempos, desde
nosso berço, e vá com a humanidade explorar cada recanto do mundo, pela primeira
vez.
Não conhecia esse jogo, parece bem interessante mesmo.
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