A câmara principal estava a poucos metros de ser alcançada. O ar era
carregado, como se ninguém o respirasse a pelo menos três mil anos, o que era
verdade. Uma coleção inestimável de relíquias já tinha sido encontrada nos intricados
labirintos do complexo, mas a joia da coroa estava literalmente atrás daquelas
portas de pedra. O sarcófago, com certeza estava escondido ali. Quem sabe o que
iriamos descobrir? Só lembro de uma estranha luz vinda do interior da câmara
aberta, sons aterrorizantes um odor pútrido. Agora meramente existo na
escuridão, junto com meus companheiros, e de tantos outros antes de nós, só a
espera dos próximos incautos. Luxor Tá na Mesa!
Luxor é um jogo de 2018 criado por Rüdiger Dorn. De dois a quatro jogadores,
com duração média de 45 minutos, em Luxor os jogadores controlam uma equipe de
escavadores buscando tesouros em uma pirâmide perdida.
- Com um tema desse o jogo deve ser chato e bem complicado.
Caro amigo, você está mais perdido que camelo na Antártida. O jogo é tão
bom que foi indicado ao Spiel der Jahres de 2018. As regras são simples. Os jogadores
começam com três membros da expedição na porta do templo e, conforme avançam
pelo tabuleiro, novos membros surgem. A movimentação é feita através de cartas,
que normalmente tem valores de um a cinco (Nota da Sra. Slovic: Há cartas que o
valor depende do resultado do dado, cartas que te fazem voltar um espaço e
outras, no baralho especial, que dão movimentação especial). Os jogadores
sempre terão cinco cartas em mãos. Toda rodada uma carta é usada e uma nova é
comprada. Uma interessante sacada do jogo é que as cartas, uma vez na mão, não
podem ser trocadas de lugar e só se pode jogar uma das cartas que estão nas
pontas (Nota do Sr. Slovic: Mais à esquerda ou mais à direita). E a carta
comprada obrigatoriamente deve ser colocada no meio.
Há um único caminho que leva até a câmara central, mas os tesouros são
colocados aleatoriamente, deixando uma partida diferente da outra. Para pegar o
marcador de tesouro o jogador deve posicionar um número determinado de meeples
sobre ele. O marcador indica a quantidade. Assim que o tesouro é pego, se tiver
um símbolo de animal no local, um novo marcador entre, desta vez um de bônus. Ao
ultrapassar certos pontos, o jogador ganha novos meeples para movimentar. O
jogo termina quando dois jogadores alcançarem a câmara central.
- Então é só uma simples corridinha?
Não subestime o jogo, sabichão. Assim como A Lebre e a Tartaruga (Nota
da Sra. Slovic: Vencedor do Spiel der Jahres de 1979), uma “simples corridinha”
pode esconder belas surpresas. Nos dois jogos, é importante administrar bem as
cartas que tem na mão. Se você sair em disparada sem planejamento, vai perder
feio em ambos. Luxor pode até terminar quando dois chegarem ao centro da
pirâmide, mas o vencedor será quem tiver mais Pontos de Vitória (PV), mesmo que
não tenha alcançado o lugar.
A pontuação é calculada a partir de quantos conjuntos dos três tipos de
tesouros (vaso, estátua e colar) o
jogador tem, da posição de todos os membros de sua expedição no tabuleiro e os
pontos individuas de cada tesouro, não os três que formam os conjuntos, mas
também dos escaravelhos de ouro, chaves e do sarcófago (Nota do Sr. Slovic: Que
só quem chega a câmara central consegue).
Durante o percurso há outros tiles que não são de tesouro. Tem os que
dão mais movimentos, os (já citados) de bônus e o que dá a possibilidade de
conseguir cartas especiais ou uma chave, que é necessária para acessar a sala
do sarcófago. Além disso, o valor da carta usada no movimento deve ser4 exata,
ou seja, se você está a três espaços da sala central, é preciso usar uma carta
de valor três. Não pode ser maior.
No geral, Luxor é um jogo surpreendentemente divertido. Não se deixa
levar pela pretensa simplicidade, ele não é tão trivial como parece. É um jogo
que deve agradar (quase) todo tipo de público, desde que quem está entrando no
hobby até os veteranos amantes de Twilight Imperium ou Die Macher. Ele não é
tão imersivo, mas dá para se sentir como um certo Doutor Jones...
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