Aproximem-se da fogueira. Tenho
uma história para contar. Há muitos, nossos antepassados viviam em pequenos
bandos, protegendo-os mutuamente contra os rigores da natureza. Outros bandos
começaram a se aproximar em busca de proteção, já que juntos eram mais fortes.
Alguém viu que jogando sementes no solo, plantas cresciam. Outro, que era
possível domesticar alguns animais. Tornado um povo fixo, percebeu-se que era
possível conseguir comida para todos com essas inovações, e novas Tecnologias
seriam possíveis. Percebeu-se que era mais fácil se organizar poderio Militar e
defender-se dos inimigos. Percebeu-se que se criava Cultura. Percebeu-se que se
gerava Riqueza Vilarejos deram lugar a cidades. Era a aurora da civilização,
desfraldando-se para os auspiciosos. Preparem-se, pois Civilization Tá na Mesa!
Civilization é um boardgame
baseado no aclamadíssimo jogo eletrônico Sid Maier's Civilization. Lançado em
2010, com a já conhecida qualidade Fantasy Flight, é um jogo para dois a quatro
jogadores (a expansão Fame & Fortune permite o quinto jogador), onde você
conduz sua civilização desde o berço, na primeira cidade até a conquista do
mundo (ou das estrelas). O jogo é fantástico (Nota do Sr. Slovic: Realmente
este é o meu Top-Top supremo. Nada supera Civilization, nada!), mas longo e
pesado. Não que as regras sejam complicadas, mas prepare-se para mais de três
horas (em média quatro) forjando o futuro da humanidade.
- Credo, que jogo longo. Prefiro
jogar Banco Imobiliário que é mais rápido.
Simplório Bastardo! Civilization
é sim um jogo longo, mas envolvente e imersivo. O destino do mundo torna-se
argila em mãos habilidosas. Há várias maneiras de chegar à vitória, o que torna
o jogo dinâmico. O jogo base (Nota da Sra. Slovic: Sim, existem duas expansões,
mas falaremos deles em outro Tá na Mesa!) apresenta seis povos para jogar:
Chineses, Russos, Americanos, Egípcios, Alemães e Romanos. Cada uma apresenta
vantagens e desvantagens distintas. O tabuleiro é modular. Um dos pontos fortes
é que, exceto pela vizinhança próxima as cidades iniciais, o resto do mundo
está oculto. É necessário explorar para conhecê-lo, como na versão eletrônica.
Inicia-se com uma única cidade e uma tecnologia.
Outro ponto fantástico do jogo é
a Árvore Tecnológica. Cada nova tecnologia descoberta é representada por uma
carta, que trás vários benefícios, como construção de novos edifícios, novas
unidades militares ou vantagens. As tecnologias estão divididas em cinco
níveis, sendo as de nível um as mais básicas (Escrita, Código de leis,
Alvenaria), subindo para Feudalismo (nível dois), Ferrovia (nível três),
Computação (nível quatro) até Voo Espacial (a única de nível cinco). Para
conseguir uma Tecnologia de nível dois, é necessário ter pelo menos duas de
nível um, servindo de base para o novo conhecimento, e assim sucessivamente,
criando uma pirâmide de saber. Ou seja, para descobrir o Voo Espacial são
necessários, no mínimo, duas tecnologias de nível quatro, três de nível três,
quatro de nível dois e cinco de nível um.
Uma mecânica muito importante no
jogo são as Políticas de Governo, que reproduz o sistema politico da
civilização (Despotismo, Comunismo. Democracia), o que gera vantagens e
desvantagens para o jogador, principalmente na trilha a ser seguida para a
vitória. Certos Governos dão bônus para pesquisa, enquanto outros dão
desvantagens militares. Faz parte da estratégia escolher o momento de trocar de
Governo. Outro bônus é a existência de Pessoas Importantes, que são figuras
históricas que dão certos bônus. (Nota da Sra. Slovic: Nas expansões, há cartas
para as Pessoas Importantes, que dão vantagens mais especificas, como Leônidas
que ajuda no combate).
O jogo é dividido em turnos,
composto por cinco fases: Início de turno, Comércio, Administração das Cidades,
Movimento e Pesquisa. Por ordem, todos os jogadores fazem a ação da fase antes
de passar a seguinte. No Início do turno é a fase para se trocar de governo (se
quiser) e construir novas cidades (no máximo pode ter três cidades no jogo). Na
fase de Comércio recolhe os pontos de Comércio (importantes para a Pesquisa).
Na fase de Administração de Cidade, escolhe-se uma de várias ações em cada
cidade: Construção de Prédios (Quartéis, Bancos, Entrepostos), construção de
Maravilhas (sim, como Stonehenge, a Torre de Porcelana e Estátua da Liberdade),
criação de unidades (militares e de exploração), coletar recursos (como Ferro,
Trigo, Tecido. Eles são necessários para realizar algumas ações) ou dedicar-se
as artes (criar Cultura). Na fase de Movimentação, anda-se com as unidades e
entra em combate (seja entre unidades, tribos bárbaras ou uma cidade
adversária). E por fim, na fase de Desenvolvimento, se houver pontos de
Comércio suficiente, descobre-se uma nova Tecnologia (e se gasta todo
Comércio). Civilization é uma aula de história, didaticamente falando.
- Credo, que jogo complexo!
Acalme-se, rejeitado da turma do
fundão! Todas as mecânicas estão bem encaixadas. O tuno parece longo, mas com
um pouco de prática, quase tudo ocorre ao mesmo tempo, ficando rápido. O mais
difícil do jogo é escolher qual trilha priorizar para vencer: Devo Pesquisar
até descobrir o Voo Espacial (Vitória Científica), ou devo investir no meu
exército para conquistar uma Capital adversária (Vitória Militar), ou devo
evoluir na Trilha de Cultura e chegar ao nível quatro (Vitória Cultural) ou
fortalecer minha economia e ganhar quinze moedas (Vitória Econômica)?
O único ponto fraco do jogo é o
sistema de combate, que é complexo. A divisão entre Exército (figura) e Poderio
Militar (cartas) pode confundir principalmente na fase de construção. Há quatro
tipos de unidades: Montaria, Infantaria, Artilharia e Aviação, sendo que entre
os três primeiros há uma relação idêntica a pedra-papel-tesoura, onde uma tem
vantagem sobre outra e a Aviação tem vantagem sobre todos. Diferentes tipos de
prédios e tecnologias dão diferentes tipos de bônus. Não é instintivo.
No geral, Civilization é um jogo
que deve ser ao menos conhecido. Para os fãs já gostam da série eletrônica, é
um prato cheio. Para os historiadores de plantão (Nota do Sr. Slovic: como eu)
é um item mais que obrigatório. Quer se deixar ser conduzido pelos ventos da
história e aprender como o mundo foi moldado?
Parabens pelo review. Tbem acho ele um jogo espetacular, e preciso colocar na mesa mais vezes...
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