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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Commissioned


Aqueles eram dias estavam tensos na região. Legiões sempre atentos a procura de rebeldes, ou o que eles consideravam rebeldes. Qualquer um na região poderia ser preso, ou pior, delatar nosso refúgio. Estávamos esperando pela vinda do mensageiro, aquele que poderia nos trazer a boa nova. Quando a esperança tinha acabado junto com os mantimentos, a porta bateu. Alguns pensaram que eram os soldados, mas tinha certeza que não. O indivíduo envolto em pesados mantos adentrou-se, observando nossos rostos abatidos e famintos. Antes de falar, tirou o capuz e sorriu. Como um simples gesto poderia iluminar tanto nossas almas, e com sua voz de veludo começou a professar sua fé. Agora nossa fé, graças a Leah de Gaza e seus testemunhos. E agora posso dizer, Commissioned Tá na Mesa!





Comissioned é um jogo criado em 2016 por Patrick Lysaght. Para dois a seis jogadores, com duração média de 60 min, em Comissioned somos apóstolos espalhando as palavras de uma nova religião: o cristianismo.


- Eita, já vai começar a pregação, padreco? Jogo e religião não se misturam.





Pelo visto está desmemoriado. Não te vi reclamar disso jogando Blood Rage, Santorini, Bonfire, Tzolk’in, etc (Nota do Casal Slovic: Sim, pode-se dizer que são todos jogos sobre mitologia e não religião. Mas o que é mitologia para alguns, é religião para outros. Sabia que “mitologia” viking está crescendo como uma religião organizada na Escandinávia?). Commissioned tem uma temática religiosa, mas se isso te incomoda, troque o tema. Por que não criação de rebanhos de cabras ou, se quer algo mais moderno, estabelecimentos de franquias. E você mais perceber que dá certo.


O jogo é cooperativo, quase um anti-pandemic, já que em vez de tirar cubos do tabuleiro, temos que colocar e manter. Cada jogador é um dos seis grandes apóstolos (Nota do Sr. Slovic: Paulo, Pedro, João, André, Barnabé e Tiago. Sim, claro que há outros grandes nomes, mas não daria para colocar todos em jogo, certo?). As ações que se podem fazer são determinadas pelas cartas usadas. No início da partida cada personagem só tem um tipo de carta, mas conforme as rodadas vão avançando, o número e tipos de cartas vão aumentando.





A rodada se divide em 3 fases: Compra, Ações e Maturação, sendo que na fase de Ação tem cinco estágios (Evento, Oração, Compartilhar, Movimento e crescimento), que será repetida duas ou três vezes, dependendo do número de jogadores. O interessante em Commissioned é que o jogador não vai fazer necessariamente as ações que escolheu usar. Em cada rodada há a figura do Ancião (Nota do Sr. Slovic: O jogador ativo no turno) que decide quais são as duas cartas que serão usadas (Nota da Sra. Slovic: Sim, não importa a quantidade de jogadores, só são executadas duas ações) e em quais personagens. E, antes da fase de Oração, o Ancião joga um dado para determinar se os jogadores podem conversar entre si nesse turno ou não. Ou seja, nada é tão simples como você espera.


O jogo vem com 5 cenários diferentes, cada um com suas condições de vitória e derrota, mas todos têm dois modos de perder em comum: se o baralho de eventos terminar ou se cinco igrejas forem destruídas. As regras consideram que qualquer cidade com três ou mais fiéis é considerada como tendo uma igreja. Se esse número diminuir, a igreja deixa de existir (Nota da Sra. Slovic: Há cinco velas no tabuleiro, cada vez que uma igreja desaparece, uma é apagada. O que dá sim simbolismo interessante e imersivo).


- Eu não gosto de religião. Não vou jogar!





Ok, está no seu direito, mas o jogo é tão desafiador que vale jogar. E como dissemos, mude o tema: Cada cubo representa um rebanho de ovelhas. Em cada turno um pastor escolhe as ações disponíveis. Pronto, o mesmo jogo, sem o tema que você foge como o diabo da cruz. Para quem já conhece jogos como Pandemic, as regras são intuitivas, mudando muito pouco. Para quem não conhece, não tem problema, elas são complicadas.


No geral, Commissioned é um jogo bem desafiador e com um tema inusitado. Se você trabalha com evangelização, o jogo é uma ótima ferramenta lúdica. Se você não trabalha, tende adaptar o jogo para suas necessidades. Independente da sua religião, ou mesmo se tem uma ou não, o jogo traz uma simulação histórica bem fidedigna. E como já dissemos, ele pode ser mais difícil de ganhar que o Pandemic, mesmo em seu modo fácil no cenário inicial, então é uma boa oportunidade de vencer grandes desafios.


E é isso!

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