Como é curiosa a inventividade
humana. Fascinante ver como de simples caçador-coletores, passaram a manipular
genes dos alimentos em poucos milênios. De como do barro queimado para guardar
líquidos, chegou-se a microprocessadores capazes de calcular a mecânica do
decaimento de luas anos-luz de distância em segundo. Há meio século começaram a
voar na própria atmosfera e agora já alcançaram o limite de seu sistema solar.
Antes usavam uma pedra afiada para se defender de animais selvagens e hoje já
podem destruir toda a vida de seu planeta centenas de milhares de vezes com o
toque de um mísero botão. Assim caminha a humanidade e sua tecnologia. Agora
venha, pois Progress: Evolution of Technology Tá na Mesa!
Progress é um jogo de cartas,
lançado por financiamento coletivo pelo Kickstarter em 2014. Criado por
Agnieszka Kopera e Andrei Novac, o jogo tem duração média de 90 minutos e
comporta de um a cinco jogadores.
- Mals ai, mas jogo de cartas que
pra jogar sozinho? Isso se chama Paciência!
Paciência é o que preciso sempre
para te aguentar, seu burro em pé! Progress é um fantástico jogo que simula o
progresso (Nota da Sra. Slovic: Sacaram o trocadilho/pleonasmo?) da tecnologia
humana, passando pelas descobertas mais importantes feitas pelo homo sapiens
sapiens (Nota do Sr. Slovic: Sacaram o trocadilho não pleonástico?) nos
últimos dez milênios. Saindo de coisas simples, como a invenção da roda ou a
desenvolvimento da agricultura, passando pela criação da ópera e dos
fertilizantes e chegando até a Teoria da Evolução das Espécies e o Ateísmo. As
cartas representam esses desenvolvimentos e descobertas, estão divididas Três
eras e, sempre que uma é baixada na mesa, representa que o jogador conseguir
aumentar seu repertório tecnológico. O objetivo do jogo é conseguir mais Pontos
de Vitória no fim da Terceira Era.
O jogo é simples de entender,
porém não é fácil de dominá-lo. Cada jogador começa somente com duas ações
possíveis por turno, mas no decorrer do jogo é possível aumentar esse número.
As ações possíveis são: baixar uma tecnologia, começar uma pesquisa e comprar
mais cartas. Cada tecnologia tem um custo de Ideia. Há quatro tipos de Ideia:
Cultural, Mecânica, Científica e Pura, sendo que a última serve como um tipo de
coringa. Cada carta da mão que é
descartada dá um ponto de Ideia Pura para ser usada no mesmo turno. Para
baixar, por exemplo, a Roda, são necessárias três Ideias Mecânicas, sou seja, é
preciso descartar três cartas. Tecnologias mais avançadas valem mais Ideias. Exceto
pelas Tecnologias Básicas, todas possuem uma ou mais tecnologias de
pré-requisito, o que significa que se o jogador já possuir esse avanço baixado
na mesa, não é necessário pagar nada para desenvolver a nova.
É possível desenvolver uma
tecnologia pesquisando-a. Quando pesquisa um avanço, não é necessário gastar
Ideias. A pesquisa pode demorar de quatro a dois turnos para ser concluída,
dependendo das tecnologias que o jogador já possui. Cada carta baixada altera
alguns parâmetros do jogador, como a quantidade de cartas que pode ficar no fim
do turno ou o número de ações. Algumas cartas também dão um token de Ideia, que
podem ser usados uma vez por turno para desenvolver tecnologias. Há também
algumas que dão PV e/ou Pontos de Trilha. Há três trilhas no jogo: Militar,
Nobreza e População. A posição em cada trilha dá PV no fim da partida. E por
fim algumas cartas tem o marcador de passagem de Era. Quando de um a três
marcadores, dependendo do número de jogadores, aparecem na mesa inicia-se uma
nova Era.
- Mals ai, mas esse jogo parece
muito complicado. Parece mais difícil até que o Buraco que jogo com minha avó.
Vá pentear o Mico, seu Morto. Como
já dissemos, Progress é simples, mas tem uma estratégia grande por trás. Não é
um jogo de simplesmente baixar cartas. É preciso saber o que e quando baixar,
pois se pode criar a combinação correta e desenvolver várias tecnologias de
graça na sequência. O jogo já tem três micro expansões: a primeira e melhor é o
deck com cartas para a Quarta Era, onde é possível desenvolver o Automóvel, a
Tolerância Religiosa e a Teoria Atômica. A outra permite que os jogadores se
unam para realizar algumas Maravilhas, como a Grande Muralha, a Circunavegação
ou a Internet. E a ultima, a cada Era, os jogadores sorteiam uma Personalidade,
que dá alguns bônus.
No geral, Progress é um jogo
desafiador, porém solitário. Não há pouquíssima interação entre os jogadores. É
quase um jogo solo comunitário, tanto que quase não há mudanças nas regras para
se jogar sozinho. Não que isso deixe o jogo ruim, mas não é para quem gosta de
interagir com os adversários. Mas para quem gosta de bons jogos que podem ser
usados na educação, Progress é um prato cheio. É interessante ver como os
pré-requisitos se relacionam: algo simples como o Sepultamento leva a ideias
óbvias como o Monoteísmo, não tão relacionadas como o Renascimento das Artes e
a coisas totalmente inusitadas como a Ferrovia. (Nota do Grupo Jedai: Use essas
correlações em sala de aula. Deixe os alunos pesquisarem como uma descoberta
leva a outra. O jogo até trás cinco fichas com a Árvore Tecnológica). Em Progress,
diferente de outros jogos que utilizam da Árvore Tecnológica, não é necessário
já saber algo para atingir o estágio seguinte. Você não precisa de Mineração
para chegar até ao Alto-forno, só deixa o caminho a ser trilhado mais fácil.
Venha descobrir o tortuoso, mais intrigante caminho da Ciência e Tecnologia em
direção ao Progresso.
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